O futuro é melhor do que você imagina.
Essa é uma frase que é repetida por milhares de pessoas todos os dias.
Mas e se eu te falar que vivemos a melhor época de todos os tempos em quase todos os parâmetros? Que nunca a expectativa de vida foi tão longa. Que nunca vivemos uma era com tão pouca violência. Que nunca a informação esteve tão democratizada.
Surpreso? Mas não se preocupe. Você não é o único com esse sentimento de que o mundo está perdido.
E sabe por que temos esse sentimento?
Por causa da amígdala.
A cada segundo, uma avalanche de dados flui por nossos sentidos e para processar esse dilúvio, o cérebro está constantemente filtrando e classificando informações, tentando separar os dados críticos dos fortuitos. E como nada é mais crítico ao cérebro do que sobreviver, o primeiro filtro com que depara grande parte das informações que chegam é a amígdala.
A amígdala é responsável pelas emoções básicas como raiva, ódio e medo e tem a função de encontrar qualquer coisa em nosso ambiente capaz de ameaçar a sobrevivência.
E a imprensa se aproveita disso.
Dispomos de milhões de fontes de notícias novas competindo por um pouquinho de atenção de nossas mentes.
E como elas competem?
Chamando a atenção da amígdala.
Aquele velho ditado jornalístico: “What bleeds, leads” (O que sangra, circula).
Então se você abrir o G1 e vir duas notícias lado a lado, uma falando de um novo método de alfabetização revolucionário, e uma falando de um assassinato, você provavelmente ficará mais interessado pela segunda.
Portanto:
Se você olha ao redor e não vê futuro para a abundância, peça uma folga para a amígdala.
Você já se deu conta do quanto repetimos a frase “O mundo mudou”? E quando digo repetimos, é porque você provavelmente também repete. O mundo mudou virou um clichê. E fica ainda mais clichê quando esquecemos de fazer uma pergunta que está intimamente ligada a essa afirmação.
O que mudou afinal?
Se dizer que o mundo mudou é discurso de muitos, responder o que mudou é uma tarefa que poucos se aventuraram a enfrentar. Essa é uma questão extremamente complexa. E com pelo menos três agravantes.
· Porque o mundo não mudou. O mundo está mudando.
O fenômeno se modifica a cada dia. Como tirar e analisar uma fotografia de algo
que muda entre o instante do nosso olhar e o clique da câmera?
· Porque estamos dentro do fenômeno e somos parte
relevante dele. Como podemos entender o contexto se somos o seu resultado? Se
ele nos transforma a cada segundo e altera constantemente a nossa percepção da
realidade? Como podemos sair da posição de objeto para a de observador?
· Como não cometer um erro de avaliação, quando ao
que tudo indica, o fenômeno está só começando? Como dar a dimensão exata do mar,
se estamos surfando uma onda que mal se formou?